Estudo liga morte de idosos durante o sono
à apnéia:
WASHINGTON (Reuters) - É possível que as
pessoas que morrem dormindo tenham parado de respirar por terem perdido muitos
neurônios de determinado local do cérebro, afirmaram pesquisadores
norte-americanos.
A apnéia do sono -- um problema em que as
pessoas param de respirar durante o sono -- pode ser causada, algumas vezes,
pela destruição das células do tronco cerebral, que controla funções autônomas
como a respiração, afirmaram eles.
Testes em camundongos mostraram que a
perda de células do tronco cerebral, devido ao envelhecimento, causou um sono
tão entrecortado que os animais acabaram parando completamente de respirar.
A mesma coisa pode estar acontecendo com
os idosos, disse o neurobiólogo Jack Feldman, da Universidade da Califórnia em
Los Angeles.
"Queríamos revelar o mecanismo que
está por trás da apnéia do sono, que costuma afetar mais as pessoas acima de 65
anos", disse Feldman num comunicado.
"Diferentemente da apnéia do sono
obstrutiva, na qual a pessoa pára de respirar porque as vias aéreas se fecham,
a apnéia do sono central é desencadeada por instabilidades no centro que
controla a respiração no cérebro."
Relatando suas conclusões na edição desta
semana da Nature Neuroscience, Feldman e seus colegas disseram que mataram
deliberadamente as células cerebrais do complexo pré-Boetzinger dos cérebros
dos roedores -- uma região considerada o "centro de comando" para a
respiração nos mamíferos. Depois, monitoraram a respiração dos animais.
"Ficamos surpresos de observar que a
respiração parava completamente quando o camundongo entrava no sono REM
(movimento rápido dos olhos), o que o obrigava a acordar para poder respirar", disse Leanne McKay, que atuou no estudo.
"Com o tempo, a gravidade dos lapsos
respiratórios aumentou, disseminando-se para o sono não-REM e acontecendo até
quando os animais estavam acordados."
Feldman acredita que a mesma coisa possa
ocorrer com os idosos, principalmente aqueles com doenças degenerativas como o
mal de Parkinson, que tem como uma de suas características problemas no sono.
"Nossa pesquisa sugere que o complexo
pré-Boetzinger contém um número fixo de neurônios, que vamos perdendo com a
idade", disse Feldman.
"Estamos especulando que nossos
cérebros consigam compensar uma perda de até 60 por cento das células
pré-Boetzinger, mas o déficit acumulado dessas células acaba afetando nossa
respiração durante o sono. Não há razão biológica para o corpo manter essas
células além da média de vida, portanto elas não são substituídas conforme
vamos envelhecendo", disse Feldman.
"Quanto mais as perdemos, ficamos
mais propensos à apnéia do sono central."
Pessoas mais debilitadas podem não conseguir despertar quando isso acontece.
Elas simplesmente param de respirar.
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